Quando estreou, em agosto, a nova temporada de Malhação prometia renovar o formato desgastado da série adolescente. A proposta era apresentar uma história com elementos sobrenaturais e constante clima de mistério. Começou até bem, mas pouco tempo se esperou para que o público fosse fidelizado e, assim, o programa pudesse conquistar resultados melhores. A estreia com 17 pontos de média não empolgou e, de lá para cá, muitas mudanças na trama central foram promovidas. Hoje, três meses depois, o que se vê no ar é uma trama que perdeu sua essência e se tornou inconsistente. E que, em alguns capítulos, chega a amargar míseros 11 pontos de média. O que na Globo só é normal de madrugada ou de manhã.
A ideia de que elevar a faixa etária dos papéis traria também um público mais maduro, pelo visto, não funcionou. A verdade é que, embora a maior parte dos jovens em cena seja universitária, o comportamento deles se aproxima demais de outros personagens, ainda na fase de colégio e pré-vestibular. Alguns detalhes até chamam a atenção, como a inserção de um personagem com deficiência visual e um pichador que cai de uma marquise e fica paraplégico. Mas não o suficiente para se considerar a novela mais atraente para o público adulto. Nem mesmo a relação entre Laura, de Letícia Spiller, e Guido, de Gil Coelho, ajuda.
Com o fim das pitadas sobrenaturais, Malhação teve também diminuída a importância de seus protagonistas. Com isso, outros ganham cada vez mais espaço, tornando-se quase o centro das atenções. Caso, por exemplo, do triângulo Betão, Babi e Débora, de Lucas Cordeiro, Marcella Rica e Juliana Lohmann, respectivamente. Na falta de um conflito mais consistente entre os mocinhos Gabriel, de Caio Paduan, e Cristal, de Thaís Melchior, são cada vez mais comuns as vezes em que o trio parece compor o núcleo central.
São muitas as características de Malhação que tornam o programa mais atraente para os jovens. A possibilidade de uma edição ágil e, principalmente, um tempo menor de duração são bons exemplos. Enquanto uma novela das oito chega a ter 50 minutos de cenas, a série teen não ultrapassa os 25 minutos. Tempo que facilita, inclusive, assistir a novelinha através da internet. Esse, aliás, é um ponto que deixa a desejar. Muito se fala em cena sobre as redes sociais e seu poder de alcance. Mas pouco se faz para aproveitá-las nessa busca por audiência. Falta também um olhar mais atento às multiplataformas. Em quase todos os capítulos é possível ver algum jovem mexendo no celular, tablet ou netbook. Mas não se percebe nenhuma interação eficaz com o público que assiste a essas cenas. Uma falha grande, principalmente quando se trata a atual temporada sob o codinome de Conectados. Se estão, definitivamente, não é com os telespectadores.
Malhação - Segunda a sexta, às 17h50, na Globo.
Terra.
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