quarta-feira, 8 de junho de 2011

Após acidente, Dinho Ouro Preto diz que perdeu olfato

Mesmo com diferença de públicos, Capital consegue empolgar no festival. Foto: Osmar Portilho/TerraVocalista do Capital Inicial sofreu um acidente em outubro de 2009
Foto: Osmar Portilho/Terra 

Rodrigo Teixeira
Direto do Rio de Janeiro
O vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, afirmou nesta terça-feira (7) que não sente o cheiro das coisas após ter caído de um palco de três metros de altura em um show em outubro de 2009. Na época, ele teve traumatismo craniano, fraturas nas costelas e ferimentos no rosto e nos dentes.
“Com o acidente, perdi meu olfato e parte do paladar. Me engano com os cheiros também. Sinto cheiro de plástico queimado às vezes. (Uma vez) perguntei para os meus amigos o que era aquele cheiro e me disseram ser apenas o de dama-da-noite (uma planta arbustiva que exalam um intenso perfume, principalmente à noite)”, comentou o cantor.
Ele conversou com jornalistas após um pocket-show com Tico Santa Cruz, do Detonautas, realizado na Cidade de Deus, zona oeste do Rio de Janeiro. Os dois participaram do lançamento de uma campanha para promover uma doação de instrumentos para escolas municipais.
Sobre a memória, Dinho revelou também que ele não a perdeu, ele é esquecido mesmo. Durante os dias que passou no hospital ele não se lembra de nada. Segundo ele, “apagou” devido ao estado e a sua alergia à morfina: “eu não perdi a memória, mas não me lembro do que aconteceu no hospital. Apaguei e só acordei quando saí. Para que eu não sentisse dor, por ser alérgico à morfina, fiquei dopado quase todo o tempo. Peguei uma infecção hospitalar, flebite (um tipo de infecção nas veias). Não havia nem onde aferir minha pressão. Conseguiam fazer isso apenas na minha canela esquerda, disse o frontman do Capital, que reviveu seus momentos no hospital.
Diante do que aconteceu, o cantor disse estar “super bem”. “Foi um ano de reabilitação. Mas isso não é nada. O pior foi a pausa no Capital. O hiato foi grande. Parece pouco, mas não é. Os músculos atrofiam, me deu um revertério. É como se meu cérebro tivesse dado um restart”, disse, arrancando risos dor jornalistas por conta da banda que leva o nome e disparou: “foi pior que isso. Foi Ctrl+Alt+Del (teclas utilizadas no computador para reiniciar o sistema). No começo da fisioterapia, eu nem conseguia ir até a clínica. A fisioterapeuta vinha ao meu encontro”.
Dinho diz, falando do acidente, que voltou decidido a olhar para todos os lados, e diminuir um pouco o ritmo de trabalho para não ficar refém de imposições de rádio e gravadora. “Quero sair das coisas que são pré-determinadas, quero diminuir um pouco o ritmo. Nesse ano, teremos mais de 100 shows. Mas ficamos muito tempo na estrada. Tem o translado, e isso atrapalha meu fuso horário, pois durmo duas, três horas (por dia) e todo o sono é picado”.
Medo de avião
Dinho diz que seu medo de avião foi controlado por remédio. “Abandonei o sarcófago. O rivotril me fez perder o medo de avião. Eu fico calmo. Eu posso estar voando sobre a Amazônia num bimotor, a galera do Capital com medo, e eu na minha”.
Rock in Rio
Dinho finaliza a entrevista, falando sobre tocar numa comunidade de baixa renda e, sobre Rock in Rio, relacionando os incidentes de outras edições com o também roqueiro Lobão e o cantor Carlinhos Brown. “Me incomoda essa coisa do rock, quando ele está circunscrito à classe média branca. Sei que não é o povo que está lá, queria que quando falassem em MPB o rock estivesse incluído, mas não é assim. É um privilégio tocar aqui na Cidade de Deus, você chega e todos conhecem seu som. É vitorioso. Até tiramos uma foto, vamos colocar no site do Capital. Tocar no Rock in Rio é uma coisa ambígua. Tudo que envolve esse evento é superlativo. O tamanho e a ansiedade são algo que me preocupam, na verdade me dão um sabor. Já encarei grandes multidões, mas você fica nervoso”.
Segundo o cantor, as pessoas que vão ver as atrações e estarão no local jogarão a nosso favor deles: “cantamos em português e as nossas letras têm um contexto. Não cantamos nada de ‘ubadabadu’. Não tenho medo de repetir o (que aconteceu a) Lobão e o Carlinhos Brown. O Lobão, mesmo sendo roqueiro, escolheu mal seu dia. Não deveria ter aceitado abrir o show do Sepultura. Já, o Carlinhos Brown, incitou o público. Sim, após ele ter tomado a primeira garrafada, se não falasse nada, a confusão não iria acontecer. Eu cresci ouvindo Ramones, Red Hot Chilli Peppers… Sou roqueiro, mas no nosso caso não há preconceito, pois somos uma banda de rock em um evento de rock.

Nenhum comentário:

Postar um comentário