sábado, 21 de maio de 2011

Emissoras apostam em assuntos médicos para atrair audiência

Temas médicos. Foto: Afonso Carlos/Carta Z Notícias /DivulgaçãoSão cada vez mais comuns os programas que abordam temas médicos
Foto: Afonso Carlos/Carta Z Notícias /Divulgação

Márcio Maio
É inegável que os avanços na ciência e na tecnologia aumentaram a expectativa de vida das pessoas. E também podem elevar a taxa de audiência. A busca por informações que prometem o tão sonhado “viver mais e melhor” leva as emissoras a apostar em quadros e programas médicos ou de saúde em sua programação. Muitos especialistas são usados nessa calorosa disputa pela atenção dos telespectadores. Para conquistá-los, até gincanas são organizadas em programas de auditório.
“Misturamos entretenimento e informação para conscientizar as pessoas sobre a importância da medicina preventiva. Mas sempre usamos a saúde como pano de fundo”, defende o médico Antonio Sproesser, escolhido para apresentar o E Aí, Doutor?, que estreia na segunda-feira (23), na Record.
Falar sobre saúde na televisão implica em algumas preocupações específicas. Principalmente com a linguagem a ser utilizada, já que nem sempre os termos médicos são os mais apropriados para estabelecerem a comunicação com os espectadores. “O desempenho do apresentador é essencial para traduzir palavras e expressões especializadas. Ao mesmo tempo, a escolha do médico também é motivada pela sua capacidade de falar com o público”, enfatiza Leonor Correa, diretora do Eliana, do SBT. O dominical já emplacou o quadro Dr. Responde e, agora, com a apresentadora grávida, abre espaço para o Conversa de Mãe, destinado às gestantes e mães.
Mas a equipe que fica atrás das câmaras também atua em importante posição para evitar estranhamento em quem assiste. Principalmente ao vivo. “Os produtores fazem uma análise antes de apresentar a pauta. Eles verificam se o convidado sabe explicar de forma clara, simples e popular os assuntos abordados”, defende Carmem Farão, diretora do Manhã Maior, da RedeTV!, que constantemente aborda questões ligadas à saúde em suas pautas.
Normalmente, os assuntos giram em torno de pesquisas divulgadas recentemente, histórias que causem comoção pública. E, é claro, datas comemorativas, como a Páscoa e seu consumo exagerado de chocolate e os excessos de fim de ano. Mas não são apenas as doenças que chamam atenção. As dietas, por exemplo, nem sempre são procuradas para evitar a obesidade. “Estética sempre atrai público. É um tema que está presente nas conversas de todas as classes socioeconômicas. As pessoas querem entender como emagrecer para parecerem mais jovens e atraentes”, defende o médico Guilherme Furtado, que comanda oS.O.S. Mais Você, quadro do matinal de Ana Maria Braga, na Globo.
Além de programas de variedades e auditório, outras produções abrem um bom espaço para discutir assuntos médicos: os talk shows. Não é raro ver entrevistadores como Jô Soares e Marília Gabriela, por exemplo, questionando profissionais a respeito de problemas cotidianos que afetam os telespectadores, como diabetes, hipertensão, câncer e doenças sexualmente transmissíveis. “Alguém sempre conhece ou tem um parente com o problema que está sendo discutido. Isso se não for o dele próprio”, defende Maria Helena Amaral, diretora do De Frente com Gabi, que Marília Gabriela apresenta no SBT.
Tanta informação sobre saúde também pode se tornar perigosa. Acostumada a falar sobre o assunto no Alternativa Saúde, do canal por assinatura GNT, Patricya Travassos deixa claro que nada substitui um diagnóstico e atendimento pessoal. “A gente alerta, mas não tem como aprofundar tanto porque cada caso é um caso”, afirma. Apresentador do Ser Saudável, programa produzido em parceria entre a TV Brasil e a TV Unisinos, o médico Enrique Barros engrossa o coro, mas acredita que o espaço para esse tipo de programação ainda pode crescer no país. “Exploramos timidamente a mídia. Mas isso ainda pode ser mais bem explorado, principalmente no que diz respeito ao enfoque primário à saúde”, enfatiza.
Ideia generalista
A maior parte dos telespectadores que assistem programas ligados à saúde é do sexo feminino. Mas a maioria dos produtores e diretores defende uma pauta para todos os sexos e idades. “Nosso objetivo é o mais amplo possível. Nosso conteúdo envolve aspectos que interessam crianças, homens, mulheres, idosos, enfim, todos os públicos de todas as classes sociais”, exagera Elisabetta Zenatti, diretora-geral do E Aí, Doutor?. Patricya Travassos, por sua vez, admite que a audiência feminina é seu foco principal. “A gente não fica em cima de ‘guetos’, mas as mulheres são as cuidadoras. Elas protegem os filhos, os maridos, os pais… A gente precisa estar bem para cuidar do resto”, opina.
Um caminho diferente também é traçado pelo Ser Saudável. Segundo Enrique Barros, a maior preocupação da equipe é tentar atrair a atenção do público mais jovem. “Talvez a gente não tenha deixado isso claro na proposta do programa, mas a nossa linguagem é planejada para isso. E temos recebido um retorno bem bacana dessa fatia”, garante ele, que já tem traçados os temas dos próximos 25 episódios. Os assuntos vão desde gagueira e intolerância à lactose até esquizofrenia e infertilidade.
Instantâneas
# Desde sua estreia, no ano passado, Marília Gabriela já recebeu, no De Frente com Gabi, oito especialistas da área médica, entre eles um cardiologista, um psiquiatra e um dermatologista.
# Muitos programas investem bastante na hora de falar sobre saúde. O Alternativa Saúde, por exemplo, já viajou para diversos países, como Portugal, Estados Unidos, Tailândia e França.
# Várias pautas abordadas na televisão são sugeridas pelos próprios telespectadores. Os pedidos chegam por meio de mensagens eletrônicas, conversas em chats e telefonemas.
# Antes de se tornar apresentador de TV, o médico Antonio Sproesser ministrava aulas e palestras em congressos de Medicina. “Aproveitei essa experiência”, comenta.
TERRA

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